Tuesday, March 25, 2008

O milagre da vida

Fui lavar a loiça amontoada há já alguns dias e ao abrir uma caixa deparei-me com um bolor enorme. Espantei-me por haver vida onde antes havia apenas sujidade. Senti que a vida é uma sucessão de pequenos milagres e que todos juntos formam o milagre maior que é o amor.

E percebi que já não olho o que me rodeia com o mesmo olhar. Antes ter-me-ia culpado por deixar a loiça suja tanto tempo, teria visto apenas sujidade. Mas hoje vi vida, vi o milagre maior, o milagre do amor.

Sinto-me profundamente grata. A mim, por ter acreditado, por ter lutado. A todos vocês que de alguma forma me ajudaram a caminhar, que não me deixaram desistir quando me sentia sem forças para continuar. Ao universo por continuar a dar-me o seu amor incondicional.

Um grande, grande abraço do umbigo (são mesmo viciantes estes abraços).

O acordar

Hoje, acordei às 6h da manhã, cheia de energia. Apesar de ontem me ter deitado às 2h (de hoje). Acordei mesmo o animal que há em mim, mas não sei o que fazer a tanta energia :)

Deixei-me aquecer e acariciar pelo sol da manhã. Vi passar as cegonhas em direcção ao rio e emocionei-me com a sua beleza e graciosidade. Senti a vida dizer: amo-te. E chorei pelas vezes que me senti só e separada do resto do universo.

Monday, March 24, 2008

Encontros do umbigo

Este fim-de-semana dediquei-o a mim, no "acordar da raiz" dos encontros do umbigo. Foi fantástico! Recomendo.

Foram 3 dias cheios de coincidências, de descobertas, de novas amizades... de tanta coisa. Definitivamente, uma experiência a repetir.

Lembrei-me muitas vezes do poema "A return to love". Lembrei-me dele sempre que me apercebi que não me assusta ser fraca, tímida, coitadinha, menina. Esse foi um papel que representei toda a minha vida. O que me assusta verdadeiramente é esta força imensa e inabalável que sinto em mim.

Por vezes tive que me controlar para não sair a correr dali, tal era o medo de sentir aquele poder, aquela força.

Hoje, voltei ao mundo real, mas felizmente, muito do que descobri lá, ficou. Esta força já não me assusta tanto e habituei-me a senti-la. Ajuda-me a estar aqui e agora, a estar mais confiante e segura, e, por estranho que pareça, mais disponível para os outros. Já não preciso disfarçar quem sou, sinto-me bem comigo mesma.

Hoje, sinto que sou o mundo e que o mundo sou eu. É um sentimento indescritível que me enche a alma e que me faz sentir ligada a tudo.

Aquela sensação fantástica de que o tempo parou, durou quase o dia todo. Sinto que aproveitei, cada minuto, ao máximo.

Fui até ao jardim e assim que entrei senti a força da natureza. Fiquei em "pele de galinha" de tão intensa que foi a sensação. Senti cada planta, cada árvore. Senti as raízes entranharem-se fundo na terra, senti os ramos abrir ao vento. Senti os rebentos brotarem suavemente da minha pele. Senti as folhas a desenrolar, a crescer, a baloiçar ao vento.

Sinto que sou a vida. Sinto que a vida não acontece, não é uma coisa exterior sobre a qual não tenho controlo, nem que devo tentar controlar. Eu sou, simplesmente, a própria vida.

...acho que não há palavras para descrever aquilo que sinto, é... maravilhoso, indescritível...

Tuesday, March 11, 2008

O Corpo

Hoje apercebi-me de quão mal trato o meu corpo. Da chatice que é ter que lavá-lo, penteá-lo, hidratá-lo. Apesar de ter um estilo de vida saudável a verdade é que encarava as tarefas básicas, diárias como um fardo, algo a despachar. Chego a aperceber-me que muitas das vezes era violenta comigo mesma: escovar os dentes até a gengiva deixar quase todo o dente desprotegido, pentear o cabelo rapidamente sem notar que muitas vezes até doía, esfregar a pele até arder...

Mas é este corpo que me permite viver, na verdadeira e completa acepção do termo. Viver. Sentir o frio da manhã, o calor do sol, a brisa do mar, o perfume das flores e as suas mil cores. É este corpo que me permite beijar quem amo, carregar os meus filhos, dar-lhes vida. Sentir a suavidade das pétalas da magnólia, sentir o doce e ácido sabor dos morangos, olhar nos olhos da minha alma gémea e sentir o coração bater, as pernas tremer... sentir o mundo, sentir a vida.

Apercebi-me de como é fantástico respirar, sentir o ar, as lágrimas quentes a correr pelas faces. Só hoje senti realmente o que é respirar e há tantos anos que o faço...

Perdoa-me pelas horas de trabalho a mais, pelas noites mal dormidas, pelas vezes que não comi. Estiveste sempre aqui, disponível para mim, fizeste sempre o que te pedi...

Amo-te e a partir de hoje vou cuidar bem de ti.

Monday, March 10, 2008

Mudar o passado

Li num livro da Vera Faria Leal que podemos "olhar" para os períodos particularmente difíceis da nossa vida e enviar amor a nós mesmos.

Há alguns anos, com a auto-estima completamente destruída , com as esperanças e os sonhos totalmente estraçalhados, num momento de desespero, decidi acabar com tudo. Morrer.

Não o fiz. Quando chegou o momento, disse para mim mesma: "Não, eu quero viver, mereço melhor do que esta vida. Tem que haver outra solução." E decidi enfrentar a situação.

Até há bem pouco tempo, via este dia como o pior dia da minha vida. Estava perdida, sem esperança, sem forças. Considerei morrer.

Experimentei o conselho da Vera e olhei com amor aquela mulher destroçada. Abracei-a no momento em que se preparava para morrer e chorei com ela.

Após algumas visualizações, percebi que aquela mulher não era fraca, que aquele dia não foi o pior da minha vida. Aquela mulher escolheu viver, enfrentou aquilo que mais temia e que a fazia sentir sem valor, sem importância. Ela mostrou força, coragem, determinação quando parecia haver apenas dor.

Aquele foi o dia em que escolhi viver. Foi o 1º de muitos passos neste caminho rumo à liberdade e ao amor por mim mesma.

Eu escolhi viver. EU ESCOLHO VIVER! :)

Hoje olho aquela mulher com admiração, olho aquele dia como o 1º duma nova vida. Olho a pessoa que me fez passar aquele calvário, como alguém que me deu a oportunidade de descobrir quem eu realmente sou: uma lutadora.

Renasci naquele dia para uma vida nova. Uma parte de mim morreu realmente: a parte sem esperança, sem força. Ficou a parte de mim que é forte, que acredita, que luta.

Agora quando volto áquele dia, sinto apenas admiração por aquela mulher. E enquanto ela chora nos meus braços, agradeço-lhe pela coragem, pela determinação, por ter lutado, por ter escolhido viver, por me permitir estar aqui hoje a partilhar essa experiência.

Desejo, do fundo do coração, que estas palavras vos encoragem a re-olhar os piores momentos da vossa vida sob outra perspectiva. A perceberem que afinal foram momentos decisivos que vos levaram a caminhar.

Desejo-vos luz.