Monday, August 17, 2009

Viagens... a mim mesma

Pensava que já conhecia todos os meus medos, que já os tinha olhado nos olhos e de alguma forma aceitado a experiência que carregavam.

O que eu não sabia é que havia muito mais partes de mim, aquelas que eu nem imaginava que existiam e que habitam em sítios muito mais profundos. Estas reviram-me as entranhas, literalmente.

E embora seja doloroso, mesmo fisicamente, lidar com elas, a verdade é que me sinto cada vez mais EU. Ao aceitar estas partes de mim, aceito-me a mim mesma sem excepções, sem ses e sem mas. E isso traz-me um sentimento de paz e tranquilidade, de aceitação e de amor incondicional, que não tinha sentido antes. É um sentimento de estabilidade, como se tudo o resto pudesse desaparecer que eu continuaria a ser EU, aqui e agora.

Mas o melhor é ter compreendido que a vida nunca me aconteceu, fui sempre eu que a criei. Mesmo as coisas que eu não gostava, fui eu que as criei, com estas partes de mim para as quais me recusava olhar. Eu recusei aceitá-las, reconhecê-las como minhas, mas a verdade é que continuaram a influenciar a minha vida. É bem verdade que só aceitando podemos escolher, se não aceitarmos algo como nosso não podemos escolher o que fazer com isso - porque afinal não é nosso, ou assim escolhemos acreditar.

Ao compreender que fui eu quem criou tudo na minha vida, libertei uma imensidão de energia que utilizava para me proteger... da vida, do mundo, dos outros. A vida deixou de estar escondida numa qualquer esquina à espera para "me apanhar". É incrível a energia que usava para me proteger, para me esconder... como se isso fosse possível...

A vida deixa de ser um acaso, mostra-me simplesmente quem sou e diz "ama-te, ama e aceita esta parte de ti". Não há escolhas certas nem erradas, apenas experiências. Todos os caminhos vão dar a mim mesma.

E a vida que antes parecia difícil e confusa, começa a fazer cada vez mais sentido. Como se pouco a pouco me permitisse ver a vida como ela realmente é: uma experiência, uma forma de expressarmos quem somos, de nos descobrirmos e amarmos.

Uau, que fantástica esta viagem ao centro de mim :) a travessia parece tantas vezes assustadora, por vezes senti vontade de voltar atrás, mas valeu a pena persistir. É uma viagem sem retorno.

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