Monday, June 9, 2008

Ligar o céu e a terra

Nesta minha tentativa de partir e deixar esta sociedade, questionei o facto de me ter apaixonado por alguém que faz parte dela.

Não percebia porque razão conhecer esta pessoa e apaixonar-me, me tinha levado a descobrir um mundo completamente diferente daquele a que ele pertence. Simplesmente não fazia sentido. Como é que eu ia conciliar ambos? Conciliar a minha vontade de viver num mundo diferente e o facto dele viver neste?

E como sempre, o universo respondeu. A resposta veio de diferentes formas, mas foi sempre a mesma: fazer a ligação entre o céu e a terra, entre este mundo materialista e o outro mais espiritual.

Olhei para a minha vida e percebi que já por outras ocasiões me encontrei nesta situação: ligar mundos opostos.

Ainda me sinto um pouco assustada com esta "missão impossível", mas sei que o universo me vai mostrar a melhor maneira de a concretizar. Basta confiar na perfeição da vida...

Afinal sou a Kali: destruir barreiras e construir pontes :) morte e renascimento

Entrega

Nesta minha luta para deixar esta sociedade materialista percebi que estava cada vez mais presa e era mais difícil partir. Quanto mais lutava mais emaranhada ficava.

Questionei-me sobre esta minha súbita aversão a esta sociedade e sobre o facto de me sentir cada vez mais presa a ela... percebi que ela, como tudo o resto, é uma co-criação minha. Esta sociedade reflecte um aspecto de mim mesma que não quero ver: a fuga aos sentimentos e às emoções. A busca dos aspectos materiais como desculpa para não continuar a minha caminhada... porque caminhar nem sempre é fácil e às vezes parece tão simples esquecer tudo e sentar-me no sofá a ver televisão...

A única solução é aceitar que os outros persigam as suas próprias caudas, se é essa a sua escolha. Aceitar que por vezes também o faço, também me escondo, também deixo de ouvir o meu coração e de seguir o chamamento da minha alma.

Depois de perceber isto, aconteceu algo fantástico. De repente, olhei os queixumes e os problemas dos que me rodeiam apenas com amor. Senti que eles, como tudo o resto, são apenas partes de mim... perdidas, na procura do sentimento de união e de amor incondicional. Uau... nem sei que diga... foi uma sensação extraordinária.

Há algum tempo, depois de ler a página da Élia, perguntei a mim mesma qual era o anseio da minha alma. A resposta foi imediata: amor e entrega. Acho que dei mais um passo na entrega à dança cósmica de energia vital que é vida.

Kali

Decidi assumir o nome que me foi dado nos encontros do umbigo. Eu não acredito em coincidências e o facto de me terem "baptizado" Kali quando não me conheciam e não tinham como saber da Shakti... foi uma surpresa daquelas, entre muitas outras que aconteceram nesse 1º encontro.

Sou mais terra e fogo, rebelde, gosto de questionar as regras, mudá-las... destruir o que não serve e é obsoleto para construir algo novo... sou mais a Kali que a Shakti :)

Antes tinha receio de me mostrar e de falar, e quando o fazia (porque não aguentava mais) acabava por sair tudo num tom muito agressivo e desajeitado e as minhas sugestões acabavam por ser apenas ruído. Mas agora que estou mais solta, tenho feito algumas mudanças pelo mundo que me rodeia e isso é muito bom.

Estou a fazer aquilo com que sonhava em criança: mudar o mundo. Mas em pequenos passos, porque tudo duma vez é complicado ;)